Porque em qualquer viagem existem
sempre momentos insólitos, um que nos faz sorrir ainda hoje aconteceu Camacha, bem
no interior da ilha.
Por indicação de um ilhéu, conhecedor
dos segredos gastronómicos da sua terra, fomos almoçar Taberna dos Caçadores.
A publicidade entusiástica que este
senhor nos fez incluía vista para a serra e para o mar. Uma insuspeita taberna,
em que o dono, chef e homem dos mil ofícios, nos iria prepara pratos que
poderiam ser servidos no mais cosmopolita dos restaurantes.
Porque gostamos de nos aventurar, lá
fomos nós, em direção à estrada velha da Camacha. Ora o que a publicidade não
incluía é que este chef gostava de descansar… e muito.
13h. e porta fechada. Atrevemos a
bater, pois podia ser um restaurante de acesso restrito. Podia, mas não era.
Estava mesmo fechado.
Temos fome. Solução óbvia? Vamos ao
restaurante ao lado. A meio caminho entreabre-se a porta e surge uma cabeça
grisalha, despenteadíssima e com olhos a adivinhar uma noite anterior intensa.
- O que querem ??
- Boa tarde, vínhamos almoçar. Um
senhor na Vila diz que este restaurante serve almoços e os prat….
- Está fechado.
E esta alma, que nasceu para
comerciante, bate com a porta.
Não se almoçou nada mal no
restaurante contiguo, O Estrela do Norte. Funcionava
num edifício rústico e bem decorado. Findo o repasto e depois de uma manhã a
andar a bom ritmo, decidimos regressar de autocarro à Vila, tanto mais que o
gerente do restaurante havia garantido que o percurso era feito por estradas que
ainda não conhecíamos.
E eis que,
quando o nosso grupo está calmamente sentado à volta da paragem é abordado pelo
dorminhoco mal humorado… que trazia uma caixa plástica na mão com o percebemos
depois serem vários filetes de salmão a marinar.
De forma determinada
disse: Têm que voltar. Eu faço o melhor salmão da ilha. Cheirem! (o homem para
além de nascer para comerciante, é um relações publicas nato).
Entre a surpresa
por esta abordagem rústica e o ficar sem argumentos por tal assertividade, ele
foi-se embora a gritar
- Se soubesse
que eram tantos tinha feito o almoço.
Podia ter
muitos defeitos, mas de falta de sinceridade não o podemos acusar.
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