Claro que se pode ser feliz onde já se foi muito feliz

Veneza é aquela cidade que causa impacto a quem visita pela primeira vez.Causa!

E apesar das atrações turísticas serem isso, locais que todos os turistas visitam, sentimos que temos de ver todas, sempre com a sensação de sermos os primeiros a fazer uma descoberta.

Numa segunda visita, passamos ao detalhe, aos pormenores únicos que nos passaram despercebidos numa primeira, e que agora pensamos como é que isso foi possível.

Quando falo disto lembro-me sempre de tuneis que partem das fodamentas com o charme da decadência de séculos, alguns não mais que um metro de largura, e que terão sido fonte de inspiração de artistas ao longo do tempo. 

Pelo caminho, lojas que são verdadeiras explosões de vidro colorido, umas à espera dos turistas outras de um público mais sofisticado, mas todas elas iluminam os passeios com um brilho muito próprio veneziano.



Para quem se deixa levar pela imaginação literária, o meu conselho é Veneza no Inverno. Nesta altura do ano, ao entardecer, a cidade quase deserta faz ressoar os nossos passos nas pedras polidas do chão, apenas iluminadas com a luz das montras.E sozinhos temos o prazer de atravessar cada pequena ponte sobre os canais com a lentidão que o deslumbre nos causa e com as exigências do fotógrafo improvisado. 

No fim de cada safari urbano podemos sempre acabar no Bar XIXI, na San Marco 5307, (o único aberto de madrugada no Inverno) pequeno mais aconchegante e com boa variedade de vinhos e paninis (fica a dica para as explorações nocturnas).


Já no imponente Palácio dos Doges nada puxa mais pela nossa imaginação que fazer o “itinerário secreto”. 


Esta é A visita que tem mesmo de ser feita. A partir de um pátio luminoso, uma pequena "porta" conduz-nos para os espaços húmidos e estreitos das celas dos "pozzi", as prisões escuras e inóspitas onde os prisioneiros viviam (um deles Casanova) e à sala dos inquisidores. São quilómetros de corredores estreitos que se espalham através de várias salas numa viagem pelos séculos.

E quem viajar no Inverno para Veneza pode ainda conhecer no local um fenómeno que existe desde tempos imemoráveis: Acqua Alta. Porém só acontece quando os elementos se ‘unem’: maré alta e grande pluviosidade.

Dada a sua regularidade é encarado por lojistas e residentes com muita naturalidade (a menos que a àgua ultrapasse os 90 centímetros de altura). Os andares inferiores têm revestimentos resistentes à água, mármores e outro tipo de pedras nobres, quanto ao mobiliário este é facilmente amovível para as esperadas inundações.


Quando acontece, os níveis de água começam por subir de forma notória nos canais e rapidamente se estende um fino lençol de água por toda a Praça de S. Marcos e margens circundantes. Aqui confesso que não vinha preparada e não molhei mais que as solas das botas… 



... depois, não esperámos mais, e partimos para o nosso próximo destino!

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