Madrid


Certamente já vos aconteceu deixar o que está mais perto para mais tarde.

Nós fizemos isso com Espanha. Depois de milhares de milhas aéreas decidimos visitar Madrid.

Viagem fácil e confortável. Cinquenta minutos de voo (quase outro tanto para levantar as malas no Aeroporto de Barajas) e meia hora de metro até ao centro da cidade. A estação de metropolitano encontra-se dentro do aeroporto e optámos por um hotel que também ficasse perto de uma estação para comodidade de transporte de bagagem. O hotel ficava na Calle Fuencarral. Uma boa escolha. Rua animada, parcialmente pedonal, com vida noturna e agradável para quem é turista aqui por uns dias.

Encontrámos uma cidade cosmopolita com um entrelaçado interessante de passado e presente que faz da cidade o que ela é hoje.


Novos na cidade, as primeiras visitas foramaos locais de que temos referências literária e cinematográficas. Começámos por descer a mais famosa avenida de Madrid, a Gran Via, até à Puerta del Sol. 

Considerado o coração da cidade, em formato de semicírculo, é aqui que encontramos o símbolo de Madrid: A estátua do urso e o medronheiro, “El Oso y El Madroño”.

Como a maioria dos símbolos heráldicos, as origens são pouco precisas, mas há consenso que a primeira representação no escudo da cidade data do séc. XIII. Antes, as armas estavam representadas apenas com um urso a pastar no campo. Alguns historiadores defendem que a presença do urso significa apenas que antigamente era um animal muito comum nos bosques ao redor da cidade enquanto outros defendem que na realidade, trata-se de uma ursa, normalmente representadas nos escudos como símbolo de abundância e fertilidade. Quando chegamos à explicação do porquê de um medronheiro a confusão aumenta muito pelo que nos ficámos pela fotografia.

Outra curiosidade é que a Puerta del Sol marca o quilometro zero de Espanha (há uma placa com essa indicação). Existem seis estradas que começam precisamente neste ponto.

Aqui podemos encontrar inúmeros bares, restaurantes e as lojas mais famosas de venda de lotaria, que no Natal originam extensas filas de compradores (chegam a dar a volta à Praça), pois vêm aqui pessoas de toda a cidade e arredores para comprar o seu bilhete. Uma superstição madrilena.

E de via em via eis-nos no Museu do Prado. Acho que o posso considerar o mais famoso de Madrid. O meu pai visitou-o há muitas décadas atrás e ainda hoje fala nisso e ele tinha razão. Este não é apenas o museu mais importante de Espanha como é também um dos mais importantes do mundo. As suas salas exibem uma valiosa coleção com mais de oito mil quadros e mais de setecentas esculturas.


Para além deste acervo impressionante, tem ainda no curriculum o facto notável de ter sobrevivido a três guerras sem qualquer dano nas suas obras: a Guerra da Independência, a Guerra Civil Espanhola e ainda, a Segunda Guerra Mundial! Quase um milagre.

Fomos ainda surpreendidos pelo Real Mosteiro da Encarnação. Um edifício relativamente pequeno, na lateral de uma praça, de exterior não muito elaborado, em tudo semelhante a uma pequena igreja, contudo guarda a maior coleção de relíquias no mundo, superada apenas pela da Santa Sé (porém, ao contrario desta, a do Vaticano não é possível visitar). No total, estão guardadas neste local mais de mil relíquias de santos e mártires, desde os primeiros tempos da igreja, como é o caso de Santa Inês, até Santos mais recentes e contemporâneos. Posso dizer que a sala é esmagadora.

Quem tiver curiosidade em visitar e tiver residencial oficial num país da União Europeia, como é o caso dos portugueses, não paga bilhete.

Guardámos um momento para passear El Retiro. Um parque que pertencia exclusivamente à monarquia até o final do século XIX.  Actualmente é o parque mais importante de Madrid com cento e dezoito hectares de espaços verdes localizado em pleno centro da cidade. O lago artificial é uma das primeiras imagens que vemos se entramos pela Puerta de Alcalá e oferece a possibilidade de alugar pequenos barquinhos azuis, a remos, para um passeio diferente. Esta possibilidade descartámos, porque se não tinhamos exercitado os braços o mesmo já não se podia dizer das pernas.


Foi já há noite que chegámos ao Palácio Real de Madrid, o maior da Europa Ocidental (em área construída) e também uma das residências oficiais do Rei (é no entanto usado, quase exclusivamente, para celebrações e eventos importantes). Dado o avançado da hora, ficámos pelo portão, com a vontade voltar durante o horario de visita, para admirar a sua grandiosidade.

Dica: Madrid é uma excelente base para explorar as cidades mais próximas, e lá fomos nós até à antiga capital de Espanha, Toledo (81km), ao austero palácio-mosteiro de El Escorial (58 Km), um pouco mais distante, à cidade amuralhada d’Ávila (109 Km), a Segóvia (92 km) e até ao Vale dos Caídos (54 Km).


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