Ávila

 

Próxima paragem Ávila. A uma hora de Madrid é o destino ideal para uma visita de um dia.

Quando chegámos constamos que a cidade ao longo dos séculos cresceu muito e a agora, para chegarmos ao seu centro histórico, percorremos todos uma cidade moderna, com a azafama natural da hora de ponta matinal.

Após algum tempo a descer ruas eis que ela surge, a muralha. Avila é famosa por esta muralha medieval, a mais bem preservada da Europa. São 2,5 km de extensão, 88 torreões (um a cada 20 metros) 9 portas, 88 arcos e, no interior, um centro histórico não muito grande, mas bastante interessante. De origem romana, a sua construção iniciou-se aproximadamente no século XI como forma de proteger as cidades de Ávila, Segóvia e Salamanca dos saqueadores da época.

O que descobrimos lá foi que é possível percorrer grande parte da muralha a pé e constatar a grandeza desta construção para a sua época.  Em diversos pontos sinalizados uma escada leva-nos até ao topo. Depois é começar a caminhada e conhecer uma prespectiva do topo da cidade que desconhecíamos.

Não demos a volta completa, descemos junto à porta de São Vicente onde finalmente entrámos no centro histórico.

Tão boa aquela sensação de ir andando pela primeira vez por ruas novas para nós que nos levam de descoberta em descoberta.

Subimos a Calle Reyes Católicos até a Plaza de la Catedral. Aqui ergue-se a joia da cidade: a Catedral, cujo nome completo à La Catedral de Cristo Salvador de Ávila.

Considerada a primeira catedral gótica da Espanha a sua estrutura é muito similar à Basílica de Saint-Denis, mas com duas particularidades: toda a parede traseira é a própria muralha medieval e o facto da torre do relógio deixar a igreja assimétrica porque a torre do outro lado nunca chegou a ser construída.

Mas as surpresas não acabam por aqui. Ao entrarmos na grande porta principal a pedra rude e fria dá lugar uma delicada catedral repleta de entalhes e detalhes que nos prendem a atenção.

Mas a vida de viajante não é feita só de descobertas e para o almoço escolhemos “El Fogón de Santa Teresa”. Em Novembro estava praticamente vazio o que nos agradou muito, nada mais desagradável que longas esperas em restaurantes, considero sempre que é tempo que se perde. Dou esta nota porque achámos curioso como procuravam manter o ambiente medieval até nas brochuras que distribuíam.

Depois de repostas as energias não podíamos deixar de visitar o local que dá nome à cidade: O convento de Santa Teresa de Ávila. Construído no século XVII, de fachada bastante ornamentada, com várias obras barrocas, o Convento foi erguido exatamente no local onde Santa Teresa nasceu.

Vestígios da sua casa podem ser vistos na cripta. A partir dos anos 80 este espaço foi transformado num museu dedicado à vida e obra de Santa Teresa. Lamentavelmente as fotos estão proibidas.

A terminar a visita a Ávila, entrámos numa pastelaria para provar as famosas Yemas de Ávila e dar descanso às pernas. Com o café trouxeram-nos este delicioso doce conventual que dizem ser de origem árabe e, alguns seculos depois, aprimorado pelas monjas do Mosteiro de Santa Teresa. Só o aspecto conquista, mas o sabor… uma combinação simples e perfeita de gemas de ovo, água, açúcar, limão e canela, mas que retempera facilmente as energias de uma tarde a calcorrear ruelas, igrejas e museus.

Compramos quantidades inconfessáveis para comermos nos dias seguintes, já sem desculpas, apenas por pura gula.

 

No fim do dia balanço que pudemos fazer de Ávila, que já foi lar de judeus, muçulmanos e cristãos é que o seu património cultural é o resultado da história, arquitetura, pessoas, paisagens e gastronomia.

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