Valle de los Caídos

 

Valle de los Caídos como é conhecido, situa-se no Vale de Cuelgamuros, com uma impressionante vista da Serra de Guadarrama. Como estávamos em San Lorenzo del Escorial, a uns meros treze quilómetros, não podíamos falhar esta visita.

Ainda íamos a meio caminho e já podíamos ver a famosa cruz. A cruz católica mais alta do mundo que os espanhóis asseguram que pode ser observada a quarenta quilómetros de distância.

Imponente não só pela envergadura, mas também pela história que carrega, esta cruz ainda é vista por alguns espanhóis como um símbolo da ditadura franquista. Com mais de cento e cinquenta metros de altura, e quarenta e seis de largura, mandada erguer por Franco, ergue-se por cima do altar-mor da Basílica de Santa Cruz del Valle de los Caídos, em memória daqueles que morreram na guerra civil espanhola. Independentemente das interpretações históricas é inegável a excepcionalidade da obra.

Chegámos com a expectativa de subir até à base da cruz no funicular, mas ele estava fora de serviço. Mais tarde soubemos que estava encerrado definitivamente em virtude do continuo desprendimento de pequenas rochas que punha em causa a segurança dos carris.

Neste local, um dos mais visitados da região, estão sepultados aproximadamente trinta e três mil combatentes que pereceram na Guerra Civil Espanhola (1936-1939), tanto nacionalistas como republicanos, todos misturados. Nos dezanove arquivos aqui existentes apenas consta a identidade de metade destes combatentes. Os restantes são combatentes desconhecidos, recolhidos até 1983, nas valas comuns das várias frentes de batalha.

Construída entre 1940 e 1958, Basílica de Santa Cruz del Valle de los Caídos foi totalmente escavada na rocha e tendo sido necessário retirar duzentos mil metros cúbicos de pedra para a sua construção. Com duzentos e sessenta e dois metros de comprimento a estrutura é formada por um transepto aberto com uma cúpula decorada com mosaicos e uma cripta que abriga o altar principal. 

Quando entramos e caminhamos no amplo corredor até ao altar sentimo-nos literalmente a caminhar dentro da montanha.

Entre a vasta iconografia religiosa da basílica destacam-se ainda quatro esculturas de arcanjos em bronze, cada uma com sete metros de altura, em torno da capela-mor.

Por cima da entrada da Basílica está uma escultura da Piedade. Diz a história que a primeira versão da Piedade não foi aceite, pois considerou-se que a Virgem expressava um gesto de desespero e não da dor tranquila que se pretendia mostrar. Esta escultura, constituída por cento e cinquenta e um blocos de pedra, mede seis metros de altura, nove de comprimento e três de fundo.

Apesar das fortes conotações e lembranças histórico-políticas, o monumento é considerado um cemitério onde é proibido exprimir qualquer tipo de expressão ideológica.

Atrás da basílica e da grande cruz, circundando um enorme pátio de trezentos metros de largura, ficam os edifícios que compõem a Abadia Beneditina do Valle de los Caídos: claustro, mosteiro, noviciado, coro, biblioteca, cemitério, alojamento e um restaurante que acolhe eventos religiosos e conferências.

Esta é uma visita que vale a pena, pela curiosidade do local, pela enormidade dos monumentos por documentar a história recente e ainda não sarada de uma nação!

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