Poucos nomes e locais estão tão intimamente ligados a história da França como Vincennes. Desde o início de sua construção, até a execução das mais recentes modificações, ocorridos durante o século XIX, este tem sido um dos mais prestigiados endereços do país, talvez só perdendo em prestígio para Versalhes.
Tudo começa durante o reinado de Philippe Auguste, ainda no século XIII, o qual decide construir, junto ao bosque de Vincennes, um casarão que servisse de abrigo durante suas caçadas. Aliás, Vincennes é um nome muito ligado à história de São Luís, como ficou conhecido o rei Philippe Auguste, pois foi daqui que ele partiu rumo à Terra Santa, para participar das Cruzadas de 1248 e 1269.
Mais tarde o primeiro casarão é substituído por uma residência construída com pedras, maior e mais confortável.
Carlos V, preocupado com a vulnerabilidade da construção, decide-se pela construção de uma grande muralha cercando todo o conjunto com 400 metros de comprimento por 230 metros de largura. Foram incluídas nove torres com 40 metros de altura cada, sendo que o fosso que cerca o castelo tem cerca de 25 metros de largura e 15 metros de profundidade.
Mas isto ainda não era suficiente para garantir a segurança de seus moradores, e o rei decide construir também uma grande torre central, o Donjon. Com 54 metros de altura, esta edificação faz da torre de Vincennes a mais alta fortificação medieval da Europa, e transforma o conjunto numa verdadeira fortaleza militar.
Infelizmente, quando lá estivemos encontrava-se em obras, pelo que só podemos admirar o seu exterior.
Uma das justificativas para a obsessão dos Reis da França com o fortalecimento do Château de Vincennes foi a Guerra dos Cem Anos, como ficou conhecido o longo conflito entre França e Inglaterra, e que à época já batia às portas de Paris.
A posição do castelo, bem próximo à capital da França, mas ao mesmo tempo convenientemente fora do centro, transformava-o numa posição estratégica ideal para defesa da região.
No fim do reinado de Carlos V, foi construída em frente à muralha, a Capela de Vincennes, dedicada à Santa Trindade, e que serviria de modelo e inspiração para a futura construção da Santa Capela existente no centro de Paris.
A construção desta Capela demorou 228 anos, e só em 1552 foi concluída, já sob o reinado de Henrique II.
Nos finais do século XVIII, Luis XIV decide construir os luxuosos aposentos que ficariam conhecidos como Pavillon du Roi e Pavillons de la Reine, e que passaram a ser a residência real até a transferência da corte para Versalhes.
Entre 1270 e 1328 Vincennes foi o endereço mais importante da França. Seis Reis tiveram neste castelo e palácio o seu centro de poder. Três deles aqui se casaram e dois aqui morreram.
Após a mudança da família real para Versalhes, em 1762, Vincennes assume um papel bem menos glamoroso, e passa a servir inclusive como prisão de estado. Entre seus prisioneiros mais ilustres destaca-se o rei Carlos IX, que morreu entre as paredes de pedra da torre de Vincennes sofrendo de terríveis alucinações, o Marques de Sade, Mirabeau e Diderot.
Vincennes serviria ainda como arsenal do exército, escola militar e fábrica de porcelana. Estas sucessivas quedas de status trouxeram tristes consequências para o castelo. Os meios necessários para sua conservação tornam-se escassos e ao longo do tempo sete das torres existentes na muralha acabaram por desabar.
O ponto mais triste da longa história de Vincennes foi durante a segunda guerra mundial, quando o castelo chegou a ser utilizado como quartel para as tropas nazistas que ocuparam Paris.
Foi com uma sensação de desolamento que vi o alvo pintado na muralha, que serviu para as execuções de civis realizadas durante a ocupação nazi.
Actualmente, Chateau Vincennes recebeu o merecido reconhecimento histórico e é considerado Monumento Histórico Nacional.
Este é um passeio obrigatório para quem estiver em Paris. Basta apanhar o metro na linha 1 (amarelo) e descer na última estação.
Tomem nota!
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