O culto da Virgem Senhora do Montserrat perde-se nas brumas do passado, envolto em mitos. Vem de épocas remotas. Dos primeiros tempos do Cristianismo, envolvendo até o Apóstolo São Pedro, que teria chegado à Península Ibérica com uma imagem de Nossa Senhora Jerusalemitana, esculpida por São Lucas.

Mais tarde, por ocasião da invasão árabe, a imagem venerada foi escondida numa caverna, onde foi encontrada dois séculos depois por pastores da região, que a levaram de volta ao mosteiro, em procissão solene.
Relatos antiquíssimas narram que alguns pastores de Obesa passavam pela montanha, em 880, e ouviram cânticos de celestiais e foram atraídos por um mágico esplendor irradiado do meio de um rochedo. Encantados com a maravilhosa visão aproximaram-se, cautelosamente, e notaram uma imagem numa cavidade natural da rocha que, difundia uma certa magia.
Diante do inesperado acontecimento, os pastores revelaram ao bispo Marenza o ocorrido, o qual subiu à montanha e pode verificar que a imagem encontrada pertencera à Igreja de Barcelona, desde os tempos do Cristianismo e que havia sido colocada naquele lugar, pelos Godos, em 711, durante a invasão moura, para a proteger da profanação dos infiéis.
A notícia espalhou-se, rapidamente, e os habitantes das redondezas acorreram ao local e tentaram transportar a imagem para um ponto mais elevado da montanha. Porém, notaram que não a conseguiam mover, levando-os a acreditar que estavam diante de algo sobrenatural. Assim, a imagem permaneceu naquele local, onde foi erguida uma capela, sob a protecção dos monges do Monistrol.
No século IX, Walfrido, o Cabeludo, costumava orar na capela, onde também foi construído um mosteiro de monges beneditino que, posteriormente, foram substituídos por religiosas da Ordem dos Homeros. E, com a notícia de que estavam a acontecer milagres diante da venerada imagem, a peregrinação tornou-se numerosa.
Devotos da Espanha, e de toda a Europa, e de todos os estratos sociais acorreram ao local.
A imagem da Virgem no altar-mor da Basílica é de madeira escura, conforme registaram os cronistas espanhóis: "La cana y manos, asi de la Madre como del Hijo, son de color moreno, ó más bien, negro", motivo pelo qual é chamada carinhosamente de La Moreneta pelos catalães e cuja entronização ocorreu em 1947.
A imagem e a cadeira são de madeira, enquanto o manto é de ouro. Ostenta ainda um tocado que lhe cinge a áurea coroa. Quanto ao Menino Jesus no seu regaço, também foi esculpido em madeira escura.
"A Sagrada Imagem - diz Manoel Fontdevilla - pertence ao estilo romântico-catalão, do século XII".

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